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Número de 'gringos' atrapalha o desenvolvimento do futebol brasileiro?

Nos últimos dias especialistas futebolísticos do Brasil debateram sobre diminuir o limite de estrangeiros por clube do campeonato brasileiro. A principal motivação para essa discussão é sobre o impacto de muitos jogadores de fora do Brasil impedindo o desenvolvimento do futebol local.


Argentina e Espanha possuem ligas fortes?


Para começar a analisar o tema trago duas seleções que acredito não ter seus principais nomes ligados as suas ligas nacionais.


Começando com a mais lógica, a Argentina. Nos últimos anos os brasileiros dominam o futebol sul-americano, com a liga mais competitiva e forte enquanto a Liga Profissional Argentina vem enfraquecendo a cada ano. Times que botavam medo nos adversários, como Boca Juniors e River Plate tiveram vexames na Libertadores. Mais recentemente tivemos o Boca sendo eliminado nas primeiras fases da Libertadores.


Agora vamos olhar a seleção nacional, campeã do mundo em 2022, Copa América em 2024 e líder das eliminatórias com apenas dois jogadores que atuam na própria liga na última convocação. Isso mostra que a força não precisa ser necessariamente do mercado nacional, ela apenas precisa ser construída desde o início, moldando os jogadores da base ao profissional nos aspectos táticos e extracampo blindando também a mente de seus atletas, algo que foi determinante para a goleada da Argentina por 4 a 1 sobre o Brasil.


Agora vamos pegar um voo para a Espanha, atual campeã da Euro, com o atual Bola de Ouro (por mais que muito não concordem é um fato) e com o principal destaque sub-20 do mundo.


Na última rodada em LaLiga, os três principais clubes do país (Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid), entraram em campo com 11 jogadores espanhóis de um total de 33. Seu principal nome é Rodri, que foi eleito o melhor jogador da Eurocopa de 2024 e Bola de Ouro do mesmo ano. A seleção tem sua base misturada entre atletas de equipes medianas do campeonato nacional e de fora do país em sua maioria, visto que apenas o Barcelona, dentre os grandes, contríbuí ativamente com Pedri e Yamal (apenas dois nomes).


Apesar de manter um número alto de atletas convocados da própria liga, são atletas que não possuem destaques em equipes grandes, uma vez que em 2010 a base da Espanha era metade Real e metade Barcelona.


Os gringos realmente são o problema ou apenas uma falta de planejamento esportivo por parte do Brasil?


Minha opinião é simples. Os gringos não são o problema do desenvolvimento do futebol brasileiro. O sucesso das seleções nacionais dependem de vários fatores e os projetos de base dos clubes do Brasil são extremamente fracos visando o lucro em cima dos jovens e não seu desenvolvimento profissional.


A cada ano tem sido mais comum jovens atletas saírem do Brasil assim que completam 18 anos, sem maturidade e conhecimento real do que o esporte necessita. Eles saem procurando destaque na Europa e acreditando que apenas por seu talento terão a vaga garantida assim como tinham aqui e quando chegam em uma realidade física e mental completamente diferente do que estão acostumados, sua confiança, talento e potencial deixam de ser explorados e se perdem no caminho virando mais um no meio de milhões de jogadores.


Por fim não acredito que a solução seja diminuir a quantidade de gringos no Brasileirão até porque se eles estão nessas vagas é pelo motivo de terem trabalhado e merecido seu lugar aqui. Somente a CBF juntamente com a coordenação de base dos clubes brasileiros tem o poder de mudar o futuro da seleção brasileira. Não somente mirando o talento que os grandes prosperam, necessita de trabalho físico e mental para aprender o que o esporte se tornou e cobra dos atletas. Apenas olhando para dentro que o Brasil voltará ao seu lugar no topo, caso mantenha essa ideia de culpar quem fala outra língua, o futebol nacional ficará em segundo plano.


Créditos foto - Rodrigo Goca / Agência Corinthians / Leandro Amorim / Vasco / Gilvan de Souza / Flamengo

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